Depois de um dia de trabalho sentei-me por alguns minutos e fiquei a observar aqueles dois homens que conversavam bem próximos de onde eu estava.
Um deles que estava sentado no chão de pedras sob a sombra do fim de tarde, falava sobre seus longos e árduos dias de trabalho em um lugar não muito distante e há não muito tempo atrás.
Em seu rosto nitidamente percebia-se o cansaço e sofrimento, provavelmente consequentes de experiências ruins que a vida lhe causara.
Falava sobre a distância e a falta que não sentia de seus irmãos quase que por ele esquecidos.
Ao ouvir suas palavras, eu tentava não demonstrar interesse pelo que ouvia, talvez por receio que ele ficasse sem jeito ou algo assim. Mas nesse meu "desinteresse" eu guardava suas palavras e logo refletia sobre estas. Comparava com pequenas coisas que fiz e que por várias vezes as fiz em meio a reclamações.
Logo, decidi me afastar, e busquei me assentar em um lugar mais reservado porem no qual eu poderia continuar a observá-los.
Meus olhos se atentavam a cada gesto, meus ouvidos se inclinavam discretamente buscando nao perder uma só palavra e minha mente buscava absorver o maximo que poderia de tudo o que era dito ali.
Senti-me envergonhada por tantas reclamações que fazia que não se comparavam nem de longe a tudo que aquele homem passara.
E mais uma vez compreedi que não importa o quanto você sofra, ou pense que sofra, sempre haverá alguém que sofreu e se esforçou muito mais e que não libera palavras de reclamaçoes ou ingratidão a vida por isto.
Por varias vezes já me vi em situaçoes assim: onde as pessoas ainda que sem saber acabaram por me dar liçoes de vida, porém infelizmente com o passar do tempo tais liçoes se tornam esquecidas e logo me vejo cometendo as mesmas falhas.
Somente quem sofre sabe realmente valorizar as pequenas e grandes coisas da vida, calando suas murmurações.
Já aqueles que conhecem o sofrimento, o verdadeiro sofrimento só de ouvir falar jamais o entenderão realmente, até senti-lo.
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